
Você se considera uma pessoa criativa? Antes de responder a esta pergunta, gostaria que analisasse algumas características e responda sim ou não para quantas delas você acredita que possui:
( ) consegue gerar um grande número de soluções ou ideias diante de uma situação específica.
( ) enxerga as situações que vive de uma forma flexível.
( ) produz ideias raras e pouco comuns.
( ) sente desconforto quando percebe que alguma informação apresentada contém falhas.
( ) costuma utilizar fantasias e imaginação e eventualmente as utiliza para resolver problemas ou conflitos.
( ) é aberto a novas experiências.
( ) faz analogias e combinações incomuns.
( ) enriquece as ideias que têm até transformá-la em um produto inovador.
Se você respondeu quatro ou mais itens…não, brincadeira! Não vamos fazer um teste para te dizer se você é ou não é uma pessoa criativa. O objetivo de trazer estas informações é apresentar para você características que são comuns de pessoas criativas e discutir possíveis vias de compreendermos a criatividade no mundo em que vivemos hoje.
A criatividade foi por muito tempo associada a atividades artísticas, em que uma parcela da sociedade seria dotada de um talento e a parte “não-criativa” faria apreciação das obras produzidas por estas pessoas e só. No entanto, após inúmeros esforços nas pesquisas que envolvem criatividade, foi possível concluir que a criatividade pode ser aprendida, desenvolvida e incentivada nos indivíduos, principalmente porque o exercício da criatividade no dia-a-dia pode ser uma fonte para um tanto de outras coisas boas na vida de uma pessoa.
Mas como podemos expressar a nossa criatividade no nosso trabalho, na faculdade, escola ou em casa? Muitas vezes temos a ideia de que uma ação só é criativa quando inventamos uma solução mágica para um problema. A novidade aqui é que a criatividade não é só isso e aparentemente quando as pessoas se dão conta do que de fato é a criatividade elas se tornam mais criativas!
A criatividade começa com as ideias e nem todas as ideias tornam-se produtos valorizados por um grupo. Então, antes da preocupação com o que o grupo vai achar, as ideias precisam fazer sentido para você. A essa altura do campeonato você já deve ter percebido que não precisa ter recebido uma bênção divina para ser criativo e esta é a nossa primeira regra: uma pessoa não nasce “com” ou “sem” criatividade. A questão é que nós fomos incentivados no sistema educacional a pensar sobre questões antigas que já foram solucionadas e aprendê-las, não solucioná-las. Tomemos um exemplo. Quantas soluções você consegue pensar para elaborar um cartaz de divulgação de uma palestra? Enumere as soluções que você pensou (só dura uns minutinhos, vai lá…).
Bom, se você se dedicou a esta tarefa e chegou até aqui você pensou sobre um problema que tem inúmeras soluções possíveis. E assim vamos para o nosso próximo passo: como exercitamos a criatividade? A resposta está aí: pensando em soluções para problemas que não tem uma única resposta. Se você só conseguiu pensar em uma única solução, não se preocupe. Você está representando o sintoma de uma sociedade e sistema educacional que não incentivaram que você pensasse assim ao longo de sua vida. Mas nunca é tarde. Como já trouxemos aqui, a criatividade pode e deve ser desenvolvida!
Exercitar a criatividade é sair do modo automático. Comece fazendo este exercício com um problema por dia. Quando se deparar com um problema, pense no máximo de soluções possíveis para ele, depois pense naqueles que não são viáveis ou úteis. Às vezes você vai se deparar com soluções que já foram feitas por outras pessoas, mas adequá-las à sua realidade também tem um componente novo, logo, tem um componente criativo. O problema é apenas a origem do fenômeno criativo. É o que deve dar o start. Pensar as soluções viáveis passa por planejamento, o “como vou fazer?”.
Compartilhe pequenas ideias com um amigo, um colega, dois colegas, veja o quanto eles a acham possível para o contexto em que você está inserido. Depois trace planos e formas de execução. Avalie se os resultados foram bem recebidos. Nem sempre eles serão, mas não tem problema! É importante que faça sentido para outras pessoas, mas mais importante que isso é observar O PROCESSO. É o exercício diário para a criatividade que vai te ajudar a pensar em ideias sofisticadas e com boa aceitação.
Vivemos em um mundo dinâmico e instável, onde diversas soluções precisam ser geradas a todo momento. Mas será que estamos nos preparando para criar novas soluções? Ou será que estamos discutindo e aprendendo problemas que já foram resolvidos? Muitas empresas exigem cada vez mais que seus funcionários pensem em novas soluções, mas eles já querem soluções refinadas e bem pensadas. É desgastante porque não fomos incentivados a isso ao longo da nossa educação. O nosso sistema educacional é engessado, olhe só essas imagens:
Estas imagens têm mais de 1 século de diferença e as nossas salas de aula estão organizadas praticamente da mesma forma desde então. Não é sua culpa, inúmeros estudos mostram que de fato as pessoas que são mais incentivadas a expressar a criatividade são as que conseguem se expressar de forma mais criativa. Então a nossa terceira lição de hoje é: a criatividade é um fenômeno multidimensional. É muito mais difícil uma pessoa que não está num ambiente favorável à criatividade exercitá-la. Talvez porque ela não se dê conta de que pode pensar em muitas ideias. Então este é o nosso papel aqui. A criatividade começa com você se dando conta de que pode pensar em várias ideias e que com pequenas ideias você pode desenvolver aquelas características que apresentamos no início do texto!
Então recapitulando: a) a criatividade não é um dom, é uma habilidade. b) você não é culpado por não conseguir ser criativo porque a criatividade não depende só de você. MAS c) você pode exercitar a sua criatividade e aprender a pensar em várias soluções para muitos problemas que precisam ser resolvidos no mundo em que nós vivemos.
Isabela Menezes Oliveira
Julho, 2018.